Muito tem se falado sobre a ascensão de “Running Up That Hill”, canção clássica do meio dos anos oitenta da consagrada artista Kate Bush que ascendeu ao topo da parada britânica impulsionada pela série ‘Stranger Things’. Nesse sentido, vale salientar que se a mídia convencional desse um pouquinho mais de espaço para artistas que fizeram a história, não seria surpresa alguma que esses fizessem sucesso também junto aos adolescentes.
O fato é que se dá muita atenção para artistas ruins novos e nenhuma para artistas bons que passaram dos cinquenta. Entendemos perfeitamente a questão mercadológica, mas não entendemos a bolha em que vivem, como se nada que foi feito no passado ainda tivesse alguma relevância nos dias de hoje, o que é um completo absurdo.
Aliás, convenhamos, a série em questão tem muito de seu sucesso por sua estética "oitentista", aquela mesmo que querem matar há anos mas não conseguem devido a sua relevância histórica para cinema e música principalmente.
Na contramão do que prega a mídia e revistas ditas ‘especializadas’, basta entrar nas redes sociais e verá que está todo mundo com trabalhos novos e fazendo shows por aí para citar alguns, presentes em toda nossa programação temos: Pet Shop Boys, OMD, Morrissey, Depeche Mode, New Order, Soft Cell e muitos outros; dos anos noventa temos ainda o Smashing Pumpkins, o Suede, Richard Ashcroft, irmãos Gallagher e outros tantos sendo essa mais uma galera que chegou ao topo das paradas e foi relegado a nada pela mídia que olha para artistas atuais como se fossem o supra sumo da música o que definitivamente, desculpe, mas não é!
Pegando o gancho, vale citar um exemplo recente: Johnny Marr um dos guitarristas mais cultuados por fãs e outros guitarristas, recentemente fez uma canção incrível “No Time to Dia” com a jovem Billie Eilish para o tema de 007 e ao que dá a mídia a entender parece que ele, que está de álbum novo intitulado “Fever Dreams Pts 1-4” deve agradecer a ela e não o contrário pela sonoridade.
Em alguns momentos querem inclusive reescrever a história, dando novas interpretações e conotações a fatos históricos, só se esquecem que contra fatos não há argumentos.
Ninguém quer viver ouvindo as mesmas músicas para sempre, mas essas podem ser incluídas perfeitamente nos dias atuais. Gerações novas, sempre conviveram - ainda que para quebrar paradigmas - com a cultura pop de gerações anteriores em todos os campos da arte. Não consigo entender realmente onde desejam chegar.
E para o jovem, que dificilmente estará lendo essa matéria, pense comigo: daqui cinquenta anos a música da Kate Bush ainda será um clássico, a do artista que está no hype hoje provavelmente não. Há dez anos, por exemplo, "Somebody That I Used to Know" do Gotye chegou ao topo da parada britânica, você que não gosta muito do artista muito provavelmente nem sabe quem é.
Por Flavio Richards
Coluna Sônico na Rise
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