Nota Inicial: Publicada originalmente na segunda metade da primeira década desse século, a Coluna Sônico teve dezenas de edições impressas em Local, O Jornal na Grande São Paulo, é agora esporadicamente, online, na Rise Web Radio. Com relevância e alcances obtusos dadas a nova realidade do "mainstream" musical atual, continuamos firmes procurando sempre trazer um "overview" de grandes álbuns e ou bandas do mundo.
U2 - Zooropa, injustiçado ou incompreendido?
Lançado originalmente em 1993, o oitavo álbum da banda U2 chega aos seus quase trinta anos como um excelente e injustiçado (ou incompreendido) álbum.
As gravações do disco, se deram em meio a turnê Zoo TV, o que obrigava a banda a voar para Dublin nos intervalos de shows, mesmo durante a pausa da turnê, Bono, Edge, Larry e Adam resolveram dar continuidade no processo criativo de gravação e produção ao que Adam chamou de "a coisa mais maluca que você pode fazer para si mesmo", enquanto Mullen disse: "Foi uma loucura, mas foi uma loucura boa, oposto à loucura ruim".
O fato é que os quatro integrantes mergulharam de cabeça no álbum tendo Bono escrito oito das dez canções e Edge assinando a produção junto a Brian Eno que já havia trabalhado com a banda em “Achtung Baby!”
As belas canções de Zooropa, retratam um U2 antenado no bombardeio de informações que a tecnologia viria a trazer, e trouxe, dando o horizonte necessário para um futuro onde as músicas seriam entregues via cabo, por exemplo. Qualquer semelhança com a atual realidade não foi mera coincidência.
Sem saber, ou sabendo muito mais do que todos nós há época, a banda irlandesa deu ao mundo talvez sua obra prima sendo Zooropa parabenizado por músicos do calibre de David Bowie e porque não dizer, ser um prenúncio de “Ok Computer” do Radiohead.
Injustiçado ou pouco compreendido?
Flerte com o rock alternativo e a música eletrônica em suas canções repletas de sintetizadores, o álbum trazia um U2 menos “americano”, mais introspectivo e europeu, o que fez com que não alcançasse posições significativas na maioria dos “top hits” dos países que costumeiramente apareciam.
Ainda assim, clássicos como Lemon, Baby Face e Stay (faraway, so close) são canções indispensáveis ao lado da canção homônima ao disco Zooropa, em qualquer playlist de bom gosto musical. Bono diz que Stay (faraway, so close) talvez seja a maior canção do U2. Também acho!
Amor e ódio
Quando a Zoo TV estava a pleno vapor, comprei o VHS o qual tenho até hoje. Na época, o U2 ainda não havia tocado no Brasil e a expectativa era de que a banda traria a turnê ao Brasil, vale lembrar que em 1993/94 não tínhamos bandas internacionais sempre por aqui, ainda assim sonhávamos em receber então - pela primeira vez - Bono e cia em solo brasileiro, mas eis que durante as negociações a banda não chegou a um acordo financeiro com os empresários que trariam a turnê e por fim a banda não veio naquele momento, decepcionando eu e milhares de fãs da banda que esperavam por tal apresentação. Pior, não havia vindo por falta de um acordo financeiro, poxa, logo o Bono que pregava toda sua política de justiça social mundo afora.
A banda viria anos mais tarde com a turnê do álbum POP que trazia um U2 caricato, mais com cara de Village People (grande, enorme, gigante grupo da disco) que do próprio U2. Minha relação de ouvinte e fã com a banda ficou ainda mais desgastada quando o ano 2004 chegou e em uma sacada - sabe-se lá de quem - Bono anuncia “um, dos, tres, catorce” fazendo o prenúncio de Vertigo. Quando perguntado sobre a esquisitice pela Revista Rolling Stone, Bono respondeu que: "Pode ter havido algum tipo de álcool envolvido". Eu duvido" Pelo profissionalismo da banda foi pura falta de conhecimento e preocupação com a língua latina.
De toda forma, recentemente, há alguns anos parei para revisitar a obra do U2 e vi o quão grandiosa essa banda ainda é por tantas canções que marcaram gerações, sobretudo Stay em meu caso, nos invernos não muito fáceis - mas inesquecíveis desse adolescente - dos anos noventa.
Texto
Flavio Richards
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